"Lembrai-vos das coisas passadas da antigüidade: que
eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a
mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a
antigüidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho
permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Isaías 46.9-10).
A profecia bíblica é a chave para se entender tanto o passado quanto o
futuro. Embora aos céticos essa talvez pareça uma pretensão absurda, ela
é facilmente comprovada. Pelo fato de ter se cumprido a maior parte das
profecias registradas na Bíblia, fica muito simples determinar se essas
profecias são ou não confiáveis.
Dois importantes assuntos da profecia estendem-se consistentemente por
toda a Escritura: (1) Israel; (2) O Messias que vem para Israel e
através de Israel para o mundo como Salvador de toda a humanidade. Ao
redor destes dois temas centrais quase todas as demais profecias se
desenrolam e encontram o seu significado, seja o Arrebatamento da
Igreja, o Anticristo, seu governo e religião vindouros, o Armagedom, a
Segunda Vinda de Cristo, ou qualquer outra ocorrência profética. A
Bíblia é absolutamente única na apresentação dessas profecias, as quais
ela registra com detalhes específicos, começando há mais de 3.000 anos.
Cerca de 30% da Bíblia são dedicados à profecia. Esse fato confirma a
importância do que tem se tornado um assunto negligenciado. Em contraste
marcante, a profecia está completamente ausente no Corão, nos Vedas
hindus, no Baghavad Gita, no Ramayana, nas palavras de Buda e Confúcio,
no Livro de Mórmon, ou quaisquer outros escritos das religiões mundiais.
Esse fato isolado já provê um inegável selo de aprovação divina sobre a
fé judaico-cristã, que falta em todas as outras crenças. O perfeito
registro do cumprimento da profecia bíblica é suficiente para autenticar
a Bíblia, diferentemente de todos os outros escritos, como a única e
inerrante Palavra de Deus.
Profecia – A Grande Prova
Há muitas provas importantes para a profecia bíblica. A primeira de
todas, o cumprimento da profecia estabeleceu prova irrefutável da
existência do próprio Deus que inspirou os profetas. Pelos importantes
eventos da história mundial, profetizados centenas e mesmo milhares de
anos antes de acontecerem, o Deus da Bíblia prova ser o único Deus
verdadeiro, Criador do Universo e da humanidade, o Senhor da História –
e que a Bíblia é a Sua Palavra infalível, dada a fim de comunicar os
seus propósitos e meio de salvação a todos os que crerem. Aqui está uma
prova tão simples que uma criança pode entender e tão profunda que os
maiores gênios não podem refutar.
A profecia, pois, desempenha um papel vital ao revelar o propósito de
Deus para a humanidade. Ela também fornece uma prova inteiramente segura
na identificação do verdadeiro Messias de Deus, ou Cristo, e desmascara
o impostor de Satanás, o anticristo, de maneira que ninguém que observar
a Palavra de Deus venha a ser por ele enganado.
Entretanto, por ser a profecia única na Bíblia, ela é única para Cristo.
Profecia nenhuma narrou a vinda de Buda, Maomé, Zoroastro, Confúcio,
Joseph Smith, Mary Baker Eddy, os populares gurus hindus que têm
invadido o Ocidente, ou qualquer outro líder religioso, todos eles sem
as credenciais que distinguem Jesus Cristo. Entretanto, há mais de 300
profecias do Velho Testamento que identificam o Messias de Israel.
Séculos antes de Sua vinda, os profetas hebreus estabeleceram critérios
específicos que deveriam ser preenchidos pelo Messias. O cumprimento
destas profecias nos mínimos detalhes da vida, morte e ressurreição de
Jesus de Nazaré demonstram indiscutivelmente ser Ele o prometido por
Deus, o verdadeiro e único Salvador.
Visto que estes dois importantes itens da profecia bíblica, Israel e o
Messias, são tratados em alguns dos meus livros, principalmente em "Quanto
Tempo Nos Resta?", vamos resumi-los aqui rapidamente. Em Isaías
43.10, o Deus de Israel declara que os judeus são Suas testemunhas para
o mundo do qual Ele é Deus. Tal é o caso, apesar de 30% dos israelitas
hoje afirmarem ser ateus e a maior parte dos judeus do mundo inteiro
jamais pensarem em dizer que Deus existe. Mesmo assim eles são
testemunhas da existência dEle, tanto para si mesmos como para o mundo,
por causa do espantoso cumprimento exato na história daquilo que Deus
falou que iria acontecer a esse povo especial.
O Povo Escolhido – Sua Terra e Destino
Embora muito do que os profetas predisseram para Israel ainda seja para
o futuro, nove profecias importantes envolvendo detalhes específicos e
verificáveis já se cumpriram, exatamente como fora previsto séculos
antes.
1. Deus
prometeu uma terra e fronteira claramente definidas (Gênesis 15.18-21) a
Abraão (Gênesis 12.1; 13.15; 15.7, etc.) e renovou tal promessa a
Isaque, filho de Abraão (Gênesis 26.3-5), ao seu neto Jacó (Gênesis
28.13) e aos seus descendentes para sempre (Levítico 25.46; Josué 14.9,
etc.).
2. É um
fato histórico Deus ter trazido esse "povo escolhido" (Êxodo 7.4-8;
Deuteronômio 7.6; 14.2, etc.) à Terra Prometida; uma surpreendente
história de milagres por si só.
3. Quando os judeus entraram na Terra Prometida, Deus os advertiu que,
se eles praticassem a idolatria e imoralidade dos habitantes primitivos,
os quais Ele havia destruído por praticarem o mal (Deuteronômio 9.4),
Ele os lançaria também para longe (Deuteronômio 28.63; 1 Reis 9.7 e 2
Crônicas 7.20, etc.). Que isso aconteceu é, também, inegável pela
história.
Até
este ponto, a história nada tem de especial. Outros povos acreditaram
que uma certa área geográfica era a sua "terra prometida" e depois de
entrarem nela foram posteriormente expulsos pelos inimigos. Porém, as
próximas seis profecias e o seu cumprimento são absolutamente únicos na
história dos judeus. A ocorrência desses eventos, exatamente como foram
profetizados, jamais pode ter acontecido por acaso.
4. Deus declarou que o seu povo seria espalhado "entre todos os povos,
de uma até à outra extremidade da terra" (Deuteronômio 28.64; comp. 1
Reis 9.7; Neemias 1.8; Amós 9.9; Zacarias 7.14, etc.). E assim
aconteceu. O "judeu errante" é encontrado em toda parte. A precisão com
que essas profecias aconteceram exclusivamente aos judeus se tornou
marcante, porque segue cumprimento após cumprimento até que a existência
de Deus através do trato com o Seu povo escolhido se torne irrefutável.
5. Deus os admoestou que onde quer que vagassem, os judeus seriam
"pasmo, provérbio e motejo entre todos os povos" (Deuteronômio 28.37; 2
Crônicas 7.20; Jeremias 29.18; 44.8, etc.). Incrivelmente isso tem se
tornado realidade a respeito dos judeus através de toda a história,
exatamente como a geração presente pode muito bem constatar. A
maledicência, o desprezo, as piadas, o ódio violento chamado
anti-semitismo, não apenas entre os muçulmanos, mas até mesmo entre os
que se chamam cristãos, é um fato único e persistente na história
peculiar do povo judeu. Mesmo hoje, apesar da freqüente memória do
Holocausto de Hitler, que chocou e envergonhou o mundo inteiro como um
desafio à lógica e à consciência, o anti-semitismo está vivo e
recrudesce em todo o mundo.
História de Perseguição
Além do mais, os profetas declararam que esse povo espalhado não apenas
seria difamado, denegrido e discriminado, mas:
6. Seria perseguido e assassinado como nenhum outro povo na face da
terra, fato que a história atesta com eloqüente testemunho, pois foi
exatamente o que aconteceu aos judeus, século após século, onde quer que
fossem encontrados. O registro histórico de nenhum outro grupo étnico ou
nacional de pessoas contém algo que ao menos se aproxime do pesadelo de
terror, humilhação e destruição que os judeus têm suportado na história,
pelas mãos dos povos entre os quais foram espalhados.
Vergonhosamente, muitos que afirmaram ser cristãos e, portanto,
seguidores de Cristo, que era um judeu, estavam na primeira fila da
perseguição e extermínio dos judeus. Havendo ganho completa cidadania no
Império Romano pagão, em 212 d.C., sob o Édito de Caracalla, os judeus
se tornaram cidadãos de segunda classe e objeto de incrível perseguição
depois que o Imperador Constantino supostamente se tornou cristão. A
partir daí, foram os que se chamavam cristãos que se tornaram mais
cruéis com os judeus do que os pagãos jamais haviam sido.
Os papas católicos romanos foram os primeiros a fomentar o
anti-semitismo ao máximo. Hitler, que permaneceu católico até o fim,
afirmaria que estava apenas seguindo o exemplo dos católicos e dos
luteranos em concluir o que a igreja havia começado. O anti-semitismo
fazia parte do catolicismo, do qual Martim Lutero jamais se libertou.
Ele advogava que se incendiassem as casas dos judeus, dando-lhes a
alternativa de se converterem ou ficarem sem a língua.[1] Quando os
judeus de Roma foram libertados de seus guetos pelo exército italiano em
1870, sua liberdade finalmente pôs fim a cerca de 1.500 anos de
inimaginável humilhação e degradação nas mãos dos que afirmavam ser os
vigários de Cristo. Papa nenhum odiou os judeus mais do que Paulo IV
(1555-1559), cuja crueldade foi além da imaginação humana. O historiador
católico Peter de Rosa confessa que uma inteira "sucessão de papas
reforçou os antigos preconceitos contra os judeus, tratando-os como
leprosos, indignos da proteção da lei. Pio VII (1800-1823) foi sucedido
por Leão XII, Pio VIII, Gregório XVI e Pio IX (1846-1878) – todos eles
discípulos de Paulo IV.[2] O historiador Will Durant nos lembra de que
Hitler teve bons precedentes para a suas sanções contra os judeus:
O Concílio (católico romano) de Viena (1311) proibiu qualquer transação
entre cristãos e judeus. O Concílio de Zamora (1313) estabeleceu que se
proibissem aos cristãos de se associarem aos judeus... E levou as
autoridades seculares (como a igreja havia há muito estabelecido em Roma
e nos estados papais) a confinar os judeus em quarteirões separados
(guetos) e compeli-los a usar um distintivo (antes havia sido um chapéu
amarelo) e assegurar sua freqüência aos sermões para que se
convertessem.[3]
Preservação e Renascimento
Deus declarou que apesar de tais perseguições e massacres periódicos,
7. Ele não permitiria que o Seu povo fosse destruído, mas o preservaria
como um grupo étnico e nacional identificável (Jeremias 30.11; 31.35-37,
etc.). Os judeus teriam toda razão de se misturarem através de
casamentos [com os gentios], de mudarem seus nomes e de esconderem sua
identidade de qualquer maneira possível, a fim de escaparem à
perseguição. Por que preservaram sua linha sangüínea, se não possuíam
uma terra própria, se a maioria não cria literalmente na Bíblia, e se a
identificação racial só lhes trazia as mais cruéis desvantagens?
Deixar de se misturar em casamentos não fazia sentido. A absorção por
aqueles entre os quais viviam pareceria inevitável, de modo que poucos
sinais dos judeus como povo distinto deveriam permanecer até hoje.
Afinal, esses desprezíveis exilados foram espalhados por todos os cantos
da terra por 2.500 anos, desde a destruição de Jerusalém por
Nabucodonosor em 586 a.C. Poderia a "tradição" ser tão forte sem uma fé
real em Deus?
Contra todas as previsões, os judeus permaneceram um povo distinto,
depois de todos esses séculos. Este fato é um fenômeno sem paralelo na
história e absolutamente peculiar aos judeus. Para a maioria dos judeus
que viviam na Europa, a lei da igreja tornava impossível o casamento
misto sem a conversão ao catolicismo romano. Aqui mais uma vez a igreja
católica desempenhou um papel infame. Durante séculos era pecado mortal,
sob a jurisdição dos papas, o casamento entre judeus e cristãos,
evitando-se os casamentos mistos mesmo entre os que o desejassem.
A Bíblia diz que quando Deus determinou guardar o Seu povo escolhido
separado para si próprio (Êxodo 33.16; Levítico 20.26, etc.), Ele o fez
porque
8. Os
traria de volta à sua terra nos últimos dias (Jeremias 30.10; 31.8-12;
Ezequiel 36.24,35-38, etc.), antes da segunda vinda do Messias. Essa
profecia e promessa há tanto esperada foi cumprida com o renascimento de
Israel em sua Terra Prometida. Isso aconteceu em 1948, quase 1.900 anos
após a Diáspora final, na destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C., pelos
exércitos romanos liderados por Tito. Essa restauração de uma nação,
depois de 25 séculos, é absolutamente espantosa, um fenômeno sem
paralelo na história de qualquer outro povo e inexplicável por meios
naturais e muito menos pelo acaso. Mais notável é que
9. Deus declarou que nos últimos dias, antes da segunda vinda do
Messias, Jerusalém se tornaria "um cálice de tontear... uma pedra pesada
para todos os povos" (Zacarias 12.2-3). Quando Zacarias fez esta
profecia, há 2.500 anos, Jerusalém permanecia em ruínas e cheia de
animais selvagens. A profecia de Zacarias parecia uma grande loucura,
mesmo após o renascimento de Israel em 1948. Pois hoje, exatamente como
foi profetizado, um mundo de quase 6 bilhões de pessoas tem os seus
olhos voltados para Jerusalém, temendo que a próxima Guerra Mundial, se
explodir, seja travada sobre essa pequenina cidade. Que incrível
cumprimento da profecia!
Nenhuma Explicação Normal
Israel ocupa 1/6 de 1% da área de terra que os árabes possuem. Os árabes
têm o petróleo, a riqueza e a influência mundial que tais recursos
aparentemente inesgotáveis proporcionam. Não apenas o pedacinho de terra
de Israel é dificilmente perceptível no mapa-múndi, como também lhe
faltam todas as coisas essenciais para que se torne o centro das
preocupações de todo o mundo. Entretanto, desafiando o bom-senso, Israel
é o foco da atenção mundial, exatamente como foi profetizado.
Jerusalém é uma pequenina cidade sem importância comercial ou
localização estratégica. Mesmo assim, os olhos do mundo inteiro estão
sobre ela mais do que sobre qualquer outra cidade. Jerusalém tornou-se
realmente uma "pedra pesada" ao redor do pescoço de todas as nações do
mundo, o problema mais irritante e instável que as Nações Unidas
enfrentam hoje. E não há explicação lógica para isso. O que os profetas
hebreus declararam há milhares de anos e que parecia absolutamente
irreal em seu tempo está se cumprindo hoje. Essa é apenas uma parte da
evidência de que os "últimos dias" profetizados estão chegando para nós,
e que a nossa geração, provavelmente, verá o restante da profecia
cumprida.
As
profecias acima delineadas (para não citar inúmeras outras), têm sido
assunto de conhecimento público nas páginas da Escritura e têm estado
disponíveis para exame cuidadoso durante séculos. Que elas tenham se
cumprido com detalhes não pode ser obra do acaso, sendo, na verdade, a
prova evidente da existência do Deus que inspirou a Bíblia, provando a
autenticidade e inerrância desse Livro. Em vista de tal clara e
admirável evidência, somente podemos supor benevolentemente que nenhum
agnóstico ou ateu tenha se atrevido a ler as profecias bíblicas e as
tenha checado pessoalmente com a história e os eventos atuais.
Existem profecias adicionais concernentes a Israel e Jerusalém que se
referem aos últimos dias, as quais ainda aguardam futuro cumprimento.
Entretanto, podemos estar certos, baseados nas profecias que já se
cumpriram, que estas também se realizarão em um futuro não muito
distante. O tempo mais aterrador de destruição para os judeus e também
para toda a população mundial ainda está por vir. Ele se chama "tempo de
angústia para Jacó" (Jeremias 30.7).
Com espantosa precisão a Bíblia não menciona Damasco, Cairo, Londres ou
Paris como centro da ação dos últimos dias, mas apenas duas cidades
específicas: Jerusalém e Roma. Elas são divergentes, têm sido inimigas
desde a época dos césares e notavelmente continuam rivais pela
supremacia espiritual ainda hoje. A Roma católica reivindica ser a
"Cidade Eterna" e a "Cidade Santa", títulos que a Bíblia deu a
Jerusalém. Roma também afirma que é a "Nova Jerusalém", provocando um
conflito direto com as promessas de Deus concernentes à verdadeira
Cidade de Davi.
Passaram-se 2.000 anos de tensão e antagonismo entre Roma e Jerusalém.
Durante quase 46 anos após o renascimento de Israel em 1948, o Vaticano
se recusou a reconhecer esse país. Essa animosidade não foi apagada pela
recente abertura que o Vaticano executou apenas como expediente para se
aproximar de Israel. Roma quer exercer influência sobre o futuro de
Jerusalém, que ela ainda insiste em tornar uma cidade internacional
sobre a qual Israel não tenha mais direito do que qualquer outra nação.
Com espantosa precisão a Bíblia identifica Jerusalém e Roma como os
pontos focais dos eventos profetizados para os últimos dias. Ambas vão
ter sua parte no julgamento de Deus. Exige-se pouco mais do que atenção
casual sobre as notícias diárias para se reconhecer a precisão da
profecia. Também aí, no que a Bíblia diz sobre Roma e a Cidade do
Vaticano, temos evidências adicionais de que esse Livro é a Palavra de
Deus. (extraído do livro "A Woman Rides the Beast", tradução de Mary
Schultze)
Notas:
Will Durant, The Story of Civilization, vol. VI, The
Reformation (Simon and Schuster, Inc., 1950), p. 727.
Peter de Rosa, Vicars of Christ: The Dark Side of the Papacy
(Crown Publishing, Inc., 1988), p. 194.
Durant, op. cit., vol. VI, p. 729.